Já dizia Clarice, saudade é um pouco como fome, só passa quando se
come. E são esses olhos cheios de fome me devoram. É como se seus olhos tivessem
o poder de me mastigar, sem a boca me tocar. Passo entre a multidão disfarçada e
pra você me mantenho guardada, esperando o momento que você irá me olhar. Caminho entre a cidade escondendo minha ansiedade, pintando seu rosto por
toda parte.
Te espero de corpo sem ver o seu rosto, sei que você está também a me procurar. Mas cuidado com esse seu olhar, não o gaste em qualquer lugar. Estou aqui,
mais perto do que você possa imaginar. Fico escondida sem te tocar, sem minha fome matar, carregando essa esperança elementar. Fico aqui sentada a te
imaginar, sentada a te esperar.
Esperar não é uma coisa muito fácil, alias está longe disso.
Então pegue o mapa, siga as placas, ligue o GPS, mas não desista de me
encontrar. Estou aqui ainda a te esperar.
Faminta de saudade a matar.