Ontem a noite estava chovendo. E eu estava deitada na cama, olhando nossas fotos. Aquelas mesmas que ficam penduradas na parede do quarto. Estava lá olhando pra você. Lá estava também o postal que você me mandou.
Ao lado postal tem um pedaço de Caio Fernando Abreu escrito no papel com letra de forma, assim: “Ele pode pensar em você todos os dias. E ainda sim, preferir o silêncio.” Foi isso que eu quis acreditar nesse período. Atrás do postal está escrito “te amo!!!”. Um te amo que quando foi escrito, era de verdade.
Eu olhava pra você e para a cama vazia. Olhava pra você e para a chuva lá fora. Olhava pra você e para o seu silêncio. E eu, silenciei meus olhares e pensamentos também.
Nesse tempo todo acreditei no nosso amor, mas agora, já acho que esse nosso amor, era só meu. Mesmo nessa distância infinita, eu achei que podíamos ter sobrevivido. Mas descobri que sem fronteiras mesmo, é só o telefone da TIM. Descobri também que relacionamento é igual carteira de identidade, só vale em território nacional.
Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções. Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, massagem de madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros, quero parar de me doar e começar a receber.
Entre o que tenho visto, de todas as coisas que você poderia ter escolhido ser pra mim, você escolheu ser saudade.
Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que até a presença é pouco.
To aqui aprendendo que nem todos dão valor ao que você pode oferecer, e acabar demonstrando afeto demais começa a encher o saco, e digo tudo isso da minha parte. Chega de ligações, preocupações, sentimentos demonstrados ao extremo.
Eu sempre quis fazer você feliz, às vezes eu me deixava pra outra hora. Eu sempre quis falar o que eu sentia, mas dessa vez foi o silêncio que falou por mim. Eu sempre me esforcei pra te incentivar. Eu sempre te deixei bem à vontade, mas a sua falta de vontade me desmotivou.
Quando me entrego, me atiro. Mas quando recuo, não volto mais.
Hoje vou trocar aquele papel escrito com letra de forma que fica perto da sua foto pendurada. Colocarei outro pedaço de Caio Fernando Abreu com a mesma letra de forma, bem assim: “Não te procuro mais, nem corro atrás. Deixo-te livre para sentir minha falta, se é que faço falta. Tens meu número, meu endereço, na verdade meu coração, então se sentir vontade de falar comigo ou me ver, me procura você.”.
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