sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Borboletas...

Se eu conseguisse dosar dois lados, se eu pudesse ser equilíbrio, se eu não fosse sempre extremo. Se eu soubesse respirar cem vezes antes de dar uma resposta, se eu carregasse uma mascara de paz sempre comigo, se eu não tivesse nascido com o coração tão exposto... Se.
Se eu não fosse tão ‘eu’ talvez os outros me enxergassem melhor. Meu grande erro é ser ‘eu mesmo’ demais. Tenho feito isso a vida toda. Mas ninguém quer saber dos seus medos, inseguranças, sonhos, fantasmas, sentimentos. Querem uma pessoa que saiba dos assuntos da semana, do dia, da hora, com um sorriso sempre a mostra e um Ghandi dentro da alma. Querem controle, controlar. E agora? Posso mudar. Mas e se nessa mudança eu perder minha essência? E se eu me perder. Eu não consigo ser outra pessoa se não eu. Que chora quando a alma pede, que ri quando o corpo treme de felicidade, que cala pra não magoar, que fala por não ter medo de se mostrar.
Sendo borboleta num aquário é de se esperar que os peixes enxerguem as asas como defeito, as antenas como aberração, o sentido de liberdade como prisão. Posso tentar ser peixe, mesmo que eu afogue no fim. Eu tento. Só não dá pra continuar essa incógnita em pessoa que tenho me sentido.
Vou voltar meu coração pro peito, comprar um Ghandi e engolir, vou fazer ioga, pilates, terapia. Sou gelo e fogo, agora vou ser mormaço. Sou choro e riso, agora vou ser de aço. Sou coração e coração, agora vou ser... Vou ser um barquinho em alto-mar. Se a onda subir, eu subo. Na calmaria eu paro ou tranqüilo navego. Se precisar remar eu remo. Se infiltrar eu pulo. Uso bote salva-vidas. Ou melhor, asas. Afinal, posso até ser peixe, mas minha essência é borboleta... Borboleta aprendendo a navegar.



Fonte: Isa G.

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