segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Ela...

E lá vai ela. Mais uma vez.
Saindo de casa, perfumada, engomada, pronta pra ser amada ou pelo menos encontrada, olhada.
Ainda que fosse pra levar uma cantada barata.
Esperando sabe-se o lá o quê.
Mas fica lá, fica ali, todos os dias a esperar.
Uma garota esperta, vivida, bem conhecida, amiga, compreensiva, bonita. Mas claro, com seus defeitos.
Tinha uma mania errada de fazer tudo certo. Pensava que podia ser o que quisesse, então escolheu ser o melhor que podia. 
Ela, com seu estilo retro, admirava coisas antigas. Foi criada a moda antiga. E a cada dia, mais queria ser como antigamente.
Tinha uma mania de colecionar coisas bobas para os outros e bonitas para ela: uma pedrinha da estrada em que passou, um cartão pequeno que recebeu em um presente, a blusa que foi da avó, a conchinha da primeira vez no mar, um hashi do restaurante japonês.
Garota assim, de poucos amigos, de poucos amores, mas claro,
de muitos sabores.
Dona de um olhar brilhante. E em tudo seus olhos viam beleza.
Sua mania mais perturbadora de todas era a de ser feliz por nada, assim atoa, ser feliz por estar feliz e pronto. Sorrir sem precisar fazer força. Era assim, feliz por nada, amava de graça, mas se precisasse, também sabia odiar gratuitamente.
Garota assim, com cara de menina e com espírito de mulher.
Meio determinada. Meio indecisa.
Mas juntando suas metades, lhe fazia uma inteira.
Confesso que era um pouco contraditória, um pouco extremista demais eu diria.
Posso dizer que também era amante das musicas, apaixonada por composições, deixava-se encantar com uma melodia, suspirava por poesia.
Vivia assim, achando graça numa parede branca, no detalhe da calçada, na nova cor que lançaram para um carro, nas construções da cidade, no recém nascido que ainda tem cara de joelho, no velho assentado no banco da praça.
Costumava falar baixo e sonhar alto.
Pensava que Caio Fernando Abreu escrevia para ela. Que Martha Medeiros era sua amiga. E que Samuel Rosa já a conhecia.
Andava assim, entre poesias e canções.
E assim era feliz.

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